Solteiros Eternos


Existem os que não abrem mão de uma vida a dois, em contra partida há só que não abrem mão da liberdade e da solteirisse. Ha quem seja solteiro por circunstâncias da vida ou por vontade própria. Há quem procure eternamente a “pessoa certa”, há quem simplesmente nada procure. Há quem procure tudo e todos e há quem prefira nem sequer ser achado. Aqui não se devem aplicar generalizações. Estamos a falar de pessoas autônomas, heterogêneas, com características muito diversificadas. Estereotipá-las seria um crime. Apelidá-las (a todas) de egocêntricas faz tanto sentido como chamar acomodados a todos os casados ou unidos de fato.
Houve quem me tenha alertado para o fato dos solteiros serem menos tolerantes à diferença, justificando o fato de que só alguém casado tolera viver e partilhar a sua vida com um ser diferente ou, até em última instância, com o oposto. Poderá não ser mentira, mas será a partilha o maior trauma de qualquer solteiro? A partilha de bens, de um espaço, de uma cama pode ser algo que até não os incomode, mas certamente quando tal é feito de uma forma forçada e inconsciente acaba por tirar, mais tarde ou mais cedo, o sono a muitos solteirões inatos. É este tipo de “pressões” que eles não toleram. Pois de resto, parece-me a mim que: “mi casa es tu casa e já agora tenho ali umas camisas para passar a ferro...”!
Também há quem afirme que os solteiros são menos socializáveis. Na realidade estes não estão tão dependentes do caráter social como os que mantêm uma relação oficializada e é preciso relembrar que, aos olhos de muitos, um relacionamento só tem valor, exclusivamente, se for revelado aos olhos dos outros. Há uma espécie de interdependência que produz uma certa estabilidade social, mesmo que esta, por vezes, seja só aparente.
Por outro lado, há que ter em consideração a grande pressão desta sociedade, de grandes tradições e costumes, que cria automaticamente suspeições sobre a orientação sexual de todos os homens solteiros e de colocar em causa a honra das mulheres que optaram igualmente por uma vida independente.
A liberdade é um dos fatores fundamentais na motorização dos relacionamentos humanos. São os seus limites que vão gerir o nosso grau de relacionamento com o outro. E o fato de não se ser solteiro significará possuir uma maior restrição de liberdades? Aparentemente sim, mas na prática não. Não há menos liberdades, há mais responsabilidades. Se assim não fosse - e passando por cima de toda a matéria fiscal que não é para aqui chamada mas que é, e há que dizê-lo sem receios, escandalosamente desfavorável para quem opta por seguir uma “vida a solo” - não fazia qualquer sentido haver distinção no estatuto de ser “solteiro” e de ser “comprometido”. Um fato: os divórcios estão mais relacionados com as responsabilidades do que com as liberdades. A restrição da liberdade num casamento pode ser castradora e meio caminho andado para a infidelidade ou a perversão, mas o relacionamento raramente termina. Já as irresponsabilidades inerentes a uma relação ditam, mais tarde ou mais cedo, o seu inevitável fim.

Solteiros ou casados, juntos ou separados, há algo que os todos é comum: ninguém gosta de se sentir isolado, alienado ou “fora de jogo”. Assim sendo, o que temos que procurar e nossa felicidade plena, pois solteiro ou não solteiro todos temos o direito de ser feliz e de viver em harmonia consigo mesmo nesse mundo de tanta desavença e stresses.

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